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Perda Precoce de Implantes


Link: http://www.inpn.com.br/ProteseNews/Materia/Index/132883

Autor: 

Jamil A. Shibli

Professor titular do Programa de pós-graduação em Odontologia, áreas de Implantodontia e Periodontia – Universidade Guarulhos (UnG); Livre-docente do Depto. de Cirurgia e Traumatologia BMF e Periodontia – Forp/USP; Doutor, mestre e especialista em Periodontia – FOAr-Unesp.


Para nós que militamos na Implantodontia, o objetivo é sempre reabilitar os pacientes, finalizando os casos da melhor maneira possível. Entretanto, a literatura mostra que a falha de implantes ou os problemas na osseointegração ocorrem entre 3% e 8% dos tratamentos. Neste momento clínico e profissional, temos algumas decisões importantes para tomar que determinarão a continuidade ou não do tratamento.

Obviamente, o conhecimento da etiologia das falhas precoces, ou seja, antes do implante osseointegrar, é fundamental para a decisão seguinte. As perdas precoces são multifatoriais, estando muito além do postulado clássico descrito na década de 1980 por Albrektsson e colaboradores (Albrektsson T et al. Acta Orthop Scand 1981;52(2):155-70), como infecção do sítio peri-implantar, falha na técnica cirúrgica, falta de biocompatibilidade do implante e controle da oclusão (Figuras 1). Atualmente, tem-se uma visão mais ampla e completa da situação da cicatrização inicial dos implantes osseointegrados, desde o tipo de macro e microestrutura até a situação sistêmica do hospedeiro.

Implantes perdidos após restaurações imediatas ou implantes imediatos restaurados imediatamente podem resultar em perdas precoces, devido à falta de instabilidade da restauração, extravasamento de cimento durante a inserção das restaurações ou pela sobrecarga oclusal (Figura 2).

Além do fator etiológico local, fatores sistêmicos como tabagismo, diabetes e uso de alendronato em pacientes com osteoporose (e que apresentem um valor de CTX plasmático inferior a 0,150 ng/ml) também podem impactar negativamente no reparo ósseo peri-implantar. Estas situações em particular estão frequentemente associadas à infecção caracterizada por supuração e/ou fístula.

Sumarizando, várias podem ser as causas de perda precoce dos implantes, mas a situação de como se apresenta esta perda, como já discutido, influenciará na decisão seguinte de, além de remover o implante perdido (se ainda estiver na cavidade bucal), como e quando será realizado o novo implante. Neste momento, inserir ou não outro implante dependerá da quantidade do remanescente ósseo, da presença de infecção e condição do tecido mole adjacente, da condição sistêmica do paciente e, ainda, da vontade do paciente de se submeter a uma nova cirurgia.Sempre é importante ter em mente que a cirurgia de colocação de implantes é um procedimento eletivo e que, na dúvida, pode ficar para a próxima sessão.

 

A remoção do implante perdido e reinserção imediata tem como vantagem o tempo de espera do paciente, além de aproveitar a cirurgia de remoção do implante com o paciente já anestesiado. Por outro lado, existe a dificuldade para se obter estabilidade primária na inserção do implante exatamente na mesma posição, em casos unitários, e a dificuldade de instalação de um provisório na região do elemento perdido. Manda o bom senso, evitando uma segunda restauração imediata após a perda na primeira tentativa.

Já nos fatores sistêmicos, sugere-se que haja uma cicatrização do leito receptor, inclusive, para melhorar o reparo futuro do tecido peri-implantar ou até mesmo, dependendo do caso, partir imediata ou mediatamente para uma prótese convencional, seja ela fixa ou móvel.

Provavelmente, este deve ser o momento de maior estresse entre o profissional e o paciente, uma vez que a tão almejada restauração implantossuportada é removida do portfólio do profissional. A interação profissional – paciente/cliente, nesta situação, deverá ser a mais clara e informativa possível, sendo o paciente lembrado das informações transmitidas previamente ao início do tratamento.

Finalmente, a fatídica questão vem à tona: quem arca com o procedimento clínico e a reposição do implante? Atualmente, existem várias vertentes jurídicas para tal questão e a resposta para essa pergunta pode variar, dependendo do tempo em que houve a perda (precoce ou tardia) e se há algum tipo de acordo prévio com o seu paciente para tal evento, firmado, invariavelmente, pelo contrato de prestação de serviço.

Confesso que fiquei relutante em incluir essa questão jurídica em nosso debate. No entanto, vejo que esse é um aspecto fundamental em vários episódios de desentendimento entre clientes e implantodontistas. Alguns profissionais arcam com 100% das despesas, enquanto outros podem até mesmo cobrar o paciente novamente. Tudo dependerá do que foi acertado previamente entre as partes. Portanto, além do planejamento cirúrgico-protético, ampare-se juridicamente para evitar ou reduzir problemas futuros. 



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