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Uso prolongado de antiácidos com alumínio pode prejudicar a saúde


Link: https://crf-pr.org.br/noticia/visualizar/id/4859  

 

Aluminum use is associated with an increased risk of toxicity in individuals with renal failure and infants. It presents as:

Osteopenia
Microcytic anemia
Neurotoxicity
Osteomalacia
Constipation 
Fecal impaction
Nausea
Vomiting
Abdominal cramps
Hypomagnesemia
Hypophosphatemia

 

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK526049/

 

Você sabia que o alumínio está presente em várias medicações, em especial os antiácidos?

E além disso o alumínio pode prejudicar a absorção de nutrientes essenciais à vida? 

 

 

 

O hidróxido de alumínio, por exemplo, interage com o fósforo diminuindo sua absorção, assim como vitamina A, vitamina B12, ácido fólico, ferro, potássio e cálcio, que também são menos absorvidos. 

O carbonato de alumínio interfere na absorção de fosfatos, ferro e potássio. Já o fármaco que associa hidróxido de alumínio ao carbonato de magnésio, inativa a tiamina e diminui a absorção de vitamina A, folacina, potássio, cálcio e ferro.
 

O uso prolongado e em altas doses de antiácidos para combater a azia grave e a doença do refluxo pode causar a má absorção de nutrientes, vitaminas e minerais, além de fraturas e infecções. O abuso tem motivado a FDA (agência norte-americana de fármacos e alimentos) a fazer alertas sobre uma classe dessas drogas, os inibidores da bomba de prótons (IBPs), da qual fazem parte o omeprazol e o esomeprazol.
 

Os IBPs bloqueiam a produção de ácido no estômago, prevenindo complicações como úlceras. No Brasil, a venda desses remédios saltou de 23,13 milhões de unidades em 2010 para 51,41 milhões nos últimos 12 meses (até abril). Só o omeprazol, no mercado desde 1990, respondeu por mais da metade do comércio (32,8 milhões), segundo dados do instituto IMS Health. Outra situação vem chamando a atenção: a dependência que esses remédios podem causar. Estudos recentes mostram que quem começa a tomar os IBPs tem dificuldade para suspendê-los.
 

"Cria-se uma dependência. Tenho pacientes que usam por anos. Muitos dos que têm azia e doença do refluxo estão acima do peso e não conseguem emagrecer. Temem deixar de tomar o remédio e voltar a sentir a queimação", diz o clínico geral Paulo Olzon, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). Segundo o médico, o uso dos IBPs é uma maneira de as pessoas controlarem os sintomas incômodos, sem fazer mudanças difíceis no estilo de vida, como perder peso ou cortar os alimentos que causam a azia e o refluxo.
 

A má alimentação, a ansiedade e o uso de outros remédios são os principais fatores para o desenvolvimento desses quadros, segundo o médico Gustavo Gusso, professor de clínica geral da USP. "É impressionante. Metade dos pacientes tem dispepsia [queimação]. Mas as verdadeiras causas não são discutidas. Eles tomam omeprazol, pantoprazol, e, por fim, esomeprazol por anos." Além do uso prolongado– o recomendado na bula é entre duas a oito semanas, dependendo do problema–, também há exagero da dose.
 

"Tem paciente usando muito mais que o necessário. Tomam 80 mg por dia, quando poderiam estar usando 20 mg ou um remédio mais simples", diz Ary Nasi, gastroenterologista do Hospital das Clínicas e do Grupo Fleury.
 

 

RISCOS E BENEFÍCIOS - O corpo é "projetado" para ter ácido no estômago. Ele serve para decompor os alimentos, absorver nutrientes e matar bactérias. Estudos demonstram que o uso abusivo dos IBPs interfere nesse processo, reduzindo a absorção de vitaminas e minerais, como cálcio, magnésio e vitamina B12.
 

Segundo a FDA, isso pode levar ao aumento do risco de fraturas ósseas e de diarreias causadas pela bactéria Clostridium difficile, que pode ser mais perigosa para idosos. "Recomendamos que eles usem os IBPs pelo menor período de tempo possível. A exceção fica para quem tem hérnia [de hiato] volumosa ou muito refluxo, que pode precisar de uso mais longo", diz o geriatra Rubens Fraga.
 

A questão é que, apesar da profusão de estudos, não há sólida evidência científica de que os IBPs causem problemas graves, segundo o cardiologista Luís Cláudio Correia, especialista em medicina baseada em evidência. Alguns estudos demonstraram, por exemplo, que omeprazol em conjunto com o anticoagulante clopidogrel poderia enfraquecer o efeito protetor do último.

"Mas um grande ensaio clínico recente demonstrou que o omeprazol não aumenta eventos cardiovasculares em pacientes que fazem uso de clopidogrel", diz Correia. Já a diminuição da absorção de vitaminas, como a B12, está bem documentada, segundo o médico Ricardo Cypreste, especialista clínico do BMJ (British Medical Journal) no Brasil. A falta dessa vitamina está associada a mais riscos de demência.
 

Estudo da operadora norte-americana Kaiser Permanente acompanhou 200 mil pessoas por 14 anos e mostrou que aquelas que tinham consumo contínuo (dois anos ou mais) de 40 mg de omeprazol por dia apresentaram 65% mais chances de ter níveis baixos da vitamina B12.

 


 

Fonte: Folha de S. Paulo



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